O galego é unha oportunidade na empresa, pero precisaríamos de mellorar as ferramentas de comunicación dende unha óptica sectorial

 

 Valentim Fagim / José Ramom Pichel - Nicolás Iván Vaqueiro Gradín é diretor de projetos da Federación Galega de Parques Empresariais (FEGAPE). Conversámos com ele sobre as oportunidades económicas e estratégicas que representa a nossa língua no seu âmbito de atuação.

Como é percebida, no mundo da empresa, a oportunidade de que dispomos como galegos de ter acesso a duas línguas internacionais: o galego e o castelhano?

Estamos falando claramente de uma oportunidade. Num momento em que as decisões do mercado dependem não só de fatores económicos, mas de estratégia empresarial, as empresas galegas têm no galego uma grande oportunidade, se observarmos o crescimento de países como o Brasil ou Angola, nos quais deveríamos ter um peso crescente. São mercados onde é evidente que é muitíssimo melhor ter conhecimentos de galego que, por exemplo, de basco ou catalão.. e com certeza também mais do que de castelhano. Falamos de um mercado de perto de 300 milhões de pessoas e não só de países. Regiões como Goa ou Macau são mercados com um altíssimo interesse comercial.

Para a Estremadura espanhola é estratégica a relação comercial com Portugal, Brasil, etc., enquanto na Galiza isto não parece suceder, ao menos na mesma medida. Quais podem ser as causas?

Sem dúvida, Galiza parece ter estado de costas para Portugal e, portanto, para os países em que o português tem uma ampla importância. Seguramente as causas são muito diversas, mas nós estamos mais preocupados por as resolver, se for possível. Sente-se claramente a falta de não ter mecanismos institucionais que nos permitam achegar-nos a essa realidade e poder impulsionar as nossas relações económicas com os países e regiões de fala portuguesa. A inexistência, por outra parte, de relações exteriores com países que não façam parte da UE é, sem dúvida, um outro lastro institucional que se poderia resolver se a Galiza pudesse entrar com voz própria na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Nós temos sugerido já que, por exemplo, o Instituto Galego de Promoção Económica (IGAPE) crie algum tipo de entidade específica para gerar uma relação estratégica com esses países e regiões, dado que a Rede Pexga, por exemplo, só chega ao Brasil, e portanto, é claramente necessário impulsionar as relações com países como Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, Timor, ou regiões como Goa ou Macau. Linguisticamente levamos dois anos a trabalhar com a Secretaria-Geral de Política Linguística para impulsionar entre o empresariado galego um maior conhecimento da relação entre o galego e a oportunidade que representa nesses países. Acho que estas iniciativas, timidamente, podem servir para começar a sensibilizar sobre esta relação.

Que papel deveriam representar o IGAPE, a Confederação de Empresários da Galiza, FEUGA... na relação com a Lusofonia?

Sem dúvida têm maior destaque as medidas que o IGAPE possa impulsionar do que entidades associativas como a CEG, ou mesmo FEGAPE. Ao IGAPE corresponde-lhe o papel de impulsionar uma relação estratégica entre a Galiza e os países ou regiões de língua portuguesa. Porém, por razões que podem ser debatíveis de muitas óticas, este esquema não se deu em nenhuma administração autonómica das diferentes cores que houve. Com certeza, é uma matéria pendente que se deve enfrentar e pensamos que o IGAPE pode estar começando a valorar este enfoque através do impacto que podem ter medidas como a recentemente impulsionada Iniciativa Legislativa Paz-Andrade, e as consequências que esta pode ter para a administração galega se se assumir na íntegra. FEUGA e as Universidades Galegas poderiam ter muita maior influência também neste âmbito se este enfoque estratégico acabasse por ser uma realidade.

É necessário na Galiza contarmos com uma agência específica de exportação para os países de língua portuguesa?

Com efeito, seria muito positiva. Estamos a falar de uma tripla função: formativa, informativa e de serviços. Cumpre dar a conhecer, ter um banco de dados permanente e bem atualizado desses países e, sobretudo, criar as condições e os serviços de internacionalização necessários para dar serviço às empresas galegas que se quiserem internacionalizar nesses países e aproveitar as oportunidades que se oferecem. A Rede Pexga pode ter desempenhado um papel importante como mecanismo de apoio, mas revela um importante vazio a respeito do mundo da Lusofonia que se deve corrigir e essa agência poderia suprir essa importante carência, como já explicamos ao IGAPE.

Como poderiam as empresas galegas fazer de ponte entre este mundo e o que se expressa em espanhol?

Se do que estamos a falar é de uma relação privilegiada com os setores económicos desses países, a Galiza tem muito a dizer nesse campo, principalmente nos âmbitos em que melhor nos desenvolvemos: pesca, naval, automoção, alimentação... que é onde estão as empresas galegas mais internacionalizadas. Mas este labor não se pode reforçar sem apoio institucional. Se queremos realmente ser ponte com o resto da Espanha, temos que, antes de mais, acreditar que somos capazes de o fazer e pôr os meios e as estratégias para o fazer. Prover-nos de estruturas e de abordagens institucionais que nos permitam implementar um plano de trabalho que nos posicione interna e externamente nesse papel; algo do que agora mesmo carecemos. A Rede Pexga da Junta e da CEG está centrada numa focagem do económico-país, mas uma estratégia económica galega com os países de língua portuguesa requer uma focagem económico-interterritorial a partir de uma perspetiva cultural e linguística.

Que necessidades formativas tem o empresariado galego para liderar a relação comercial com os países de língua oficial portuguesa no Estado espanhol?

Sem ser especialista neste âmbito, arriscaria dizer que, como todo o negócio que começa, o primordial é investigar o mercado e as suas peculiaridades. É certo que o galego é uma oportunidade, mas se calhar precisaríamos de melhorar as ferramentas de comunicação desde uma ótica setorial, técnica e específica da idiossincrasia desses países. Para ninguém é novidade falar de aprender english for business, mas aqui é quase impossível encontrar cursos de português para os negócios. Sem ferramentas que potenciem a nossa —já de por si importante— vantagem de saber galego, podemos acabar por considerar que simplesmente com o galego podemos ir fazer negócios, mas isso é só metade da verdade. O galego complementa-se com o português e vice-versa, e como tudo numa atividade empresarial, se se fizer, há de se fazer bem, e para isso a Junta deve mobilizar fundos para ações formativas neste âmbito.

 

 

http://pglingua.org/noticias/entrevistas/5942-ivan-vaqueiro-diretor-de-projetos-da-fegape-lsente-se-claramente-a-falta-de-nao-ter-mecanismos-institucionais-que-nos-permitam-achegar-nos-aos-paises-lusofonosr

 

 

 

 

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